segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Respirar candomblé é acordar cedo em silêncio
Bater paó, saudando os orixás-santos em cada canto do ilé

É ter Tempo pra si de ver o céu de um modo único azul
Por ora, nublado
ou em crepúsculo-aurora

Respirar candomblé é ouvir o bater de palmas exaltadas
no círculo-barracão
E ver sorrisos largos de Glórias

É ouvir o tic nervoso tac de uma máquina de costura
E sentir o cair d’água no chão a cada banho de água cristalina
omí orò

É entender o despachar da porta a cada entrada de irmão em direções três:
Como o tridente-falo de Exú,
O temido.
O querido.
O.

É perceber cada conta coral,
ladigbà
barras de saia
e adjà

O cantar da conquém
O cacarejar do galo
O berrar do bode
O silenciar do ibí
O apaziguar do pombo

É usar um branco de doer as vistas
É a promoção da limpeza-ebó
da limpeza do espaço para o espaço-orun

E conviver com as folhas de Ossain
Espada de Ogum
de Yansã espada
de Oxossi
e bete branco
e akokô
e arueira

Comigo ninguém pode!

Respirar candomblé é sentir arrepios causados por uma voz emocionada entoante de rezas-cantigas de Exú a Oxalá.