sábado, 13 de abril de 2013



Pode até parecer  um “clichê”, mas para nós jovens negros não é fácil “permanecer vivo, contrariando às estatítiscas”, como foi cantado pelo grupo Racionais Mc’s, na década noventa na música “Capítulo 4 Versículo 3”.
Diariamente, somos vítimas de todo o tipo de violência neste país, especialmente, na capital da Bahia,  onde, muitas vezes, essas mortes acontecem sem que os resposáveis por elas sejam punidos.
Por sermos negros e negras, vivemos numa constante fuga das estatíticas, tentando, ao máximo, sair do alvo, apesar de sabermos que “sair do alvo” é quase que impossível, já que a ciência, no século XIX, apoiada na ideias de Cesare Lombroso, tratou de nos definir como alvos naturais, ou melhor, como “delinquente nato”.


Se ao sermos jovens negros e negras, fugir das estatíticas é uma constante.  Quando somos negros e homossexuais, essa fuga, seguramente, é potencializada, como pudemos infelizmente, ver no caso, recém ocorrido na capital baiana, de nosso colega de universidade Itamar Ferreira Sousa. Este que, certamente, tentou árduamente fugir das estatísticas, visto que chegou a ocupar um dos lugares mais elitistas da sociedade baiana, a UFBA,  mas que, infelizmente, veio a óbito com a idade referida acima.

Ao sermos negros, nossa fuga das estatíticas tem um motivo específico, o racismo. Nem sempre explícito, mas, sempre sentido, doloroso, sofrido. Ao sermos negros e homossexuais, não bastasse o racismo, é preciso, também, irmos de encontro ao machismo, este que também é doloroso, é também sofrido.

É mesmo uma lástima que todos os dias tenhamos que contabilizar mortes e mais mortes de nossos irmãos e irmãs negros na sociedade soteropolitana, uma sociedade com mais de oitenta por cento de negros e afrodescendentes. E não adianta argumentar que é, justamente, por isso que somos maioria nos óbitos que ocorrem nessa cidade. Pois, se assim o fosse, para além de sermos maioria nos óbitos, seríamos também a marioria na ocupação dos diversos cargos de poder aqui existentes, a saber: reitor, juíz, governador, prefeito, deputado e afins.

Sem mais, após mais essa tragédia, cabe-me mesmo rezar para que o Orisá Yansã tome conta de mais esse irmão que passou para o plano do invisível. Êparrei!