quarta-feira, 23 de maio de 2012


Quando a chuva soou no telhado,
pingou no balde água
Brotou na mente uma ideia
viva-goteira-repetida

Rolou.

Parede molhada
Rua enxurrada
Roupa chuvalhada

Frio.

Chuva demorada
Rua calada
música constante goteira

Desmoronou o Barro, Reis, em Angra
Aqui, também, sangra em vermelho
o Castelo Branco

Não se cala, Betão!
Pede Liberdade a São Caetano
Piedade para o Nordeste
Encabula!

O Rio já tá em Vermelho de tristeza
sem sapatos Plataforma
Difícil andar pelo Alto de Coutos
Esgotos a céu aberto. É certo!

Nas Vistas, nada de Alegre
A Ita, cá, arranha-se no vale de pedrinhas de dor,
de amor sólido de Xangô
Pedra justiça sagrada
tão logo vem do céu cinzento,
encher o lagos de nossos largos corações.




sexta-feira, 11 de maio de 2012


O conta-gotas pingou as cotas

A conta brilhou banhada de folhas verdes e secas

As cotas vieram pagar as contas

das dívidas históricas


Conta no pescoço

Conta sobre as cotas


Falam...


Cotas às custas de lutas nas costas
Gotas de lágrimas alegres quando descem

pelo pescoço enfeitiçado de conta

quer contar sobre as cotas-gotas do desejo


Cota-gotas de remédio

Se pá-li-ativo

vivido

Já é!



domingo, 6 de maio de 2012


Ao fazer poema,
não tenho pena



Escrevo a lápis,
graffiti de parede-murro
nos dentes


Sendo sincero,
sou severo
quase ríspido,
quando penso.

E me vem à mente a frase-provérbio:
“o que não mata, engorda.”
Lembro de Nietzsche,
na minha versão soteropolitana.

E penso:
Em Salvador, o racismo, quando não mata,
aleija,
enlouquece.