quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Eis que me vem à mente a imagem da capoeira sendo perseguida, como capoeiragem, ou ainda, como vadiagem. Capoeira como crime. Criminosa. Por isso mesmo, condenável pelas autoridades do século XIX.



Todavia, com o passar do tempo, já no século XX, a capoeira teve enfim a chance de ser reconhecida como arte genuinamente brasileira pelo então presidente Getúlio Vargas. Podendo, assim, atravessar o atlântico, chegando a virar coisa de “gringo” e, em alguns casos, apenas deles, mas isso é outra história.

Hoje, porém, é possível ver essa dança luta, graças ao esforço de muitos mestres e professores anônimos, adentrando o espaço formal e conservador da escola_pública principalmente_através do programa Mais Educação. Quem diria? A capoeira, por tanto tempo perseguida, hoje frequenta os bancos escolares, inclusive, aqueles acadêmicos.
Capoeira arteira e de sotaque.

Infelizmente, o frequentar da capoeira a tais espaços não se deu de forma harmoniosa, já que quiseram uma capoeira com método; com começo, meio e fim.  Quiseram um mestre com diploma, quiçá, certificado. Um mestre independente por muito tempo não foi bem quisto. Não era o foco um mestre baseado em experiências adquiridas no dia a dia da capoeira: uma roda, um armar de berimbau, uma palma rítmica envolvente, um reverenciar daquele que é o leme da capoeira, o berimbau. “A palma de Bimba é um, dois, três”.

Dessa forma, lá se foi o mestre em busca do bendito diploma. Não para satisfazer os burocratas e preconceituosos. Mas, sim, porque entende ele que, estando inserido no espaço da periferia, onde historicamente nós, jovens e negros, temos sido desprovidos de referências positivas, faz-se necessário estudar com afinco e dedicação, como forma de demonstrar que outra história é possível. Por tudo isto, parabéns, Mestre Timbó. Parabéns pelo esforço. Parabéns pelo canudo, que é simbólico, mas é preciso. Só nós sabemos.