Lecionar na mesma escola pública
que tirei/completei meu Ensino Médio, o tal Gouveia, no velho Castelo, está
sendo mesmo uma experiência e tanta. Cada dia uma emoção diferente. Os olhares
"assustados" dos estudantes, alguns outrora (infelizmente) meus
colegas, a alegria de muitos dos meus professores, que ainda se encontram lá, o
misto de surpresa e espanto/incômodo de outros tantos que, talvez, não acreditaram
que a escola pública, apesar de defasada em muitos aspectos, ainda, pode dar
frutos_tudo bem, eu sei que grande parte de minha formação enquanto cidadão
crítico e consciente de minha condição advém dos quilombos educacionais, mais
especificamente, da Biblioteca Comunitária de Castelo Branco_ mas, não fosse
essa mesma escola, da forma como ela está, não seria possível ultrapassar os
limites do ensino básico e adentrar em um dos espaços mais elitistas/racistas
que frequentei durante alguns anos, a Universidade Federal da Bahia. Poderia
também falar das merendeiras, dos vigilantes, de Seu Aprígio etc, etc todos
muito contentes e curiosos.
Para, além disso, com frequência,
tenho de/que ouvir aquela pergunta "vc é professor ou é aluno?" o que
me faz pensar várias coisas. Entre elas: sobre o fato de ser eu jovem demais para
ocupar aquele lugar (sei que não!); ou teria, inconscientemente, a ver com o
fato de a comunidade escolar já está a par de minha situação de oriundo daquela
escola, também no turno noturno e, por isso, está ela desacreditada por ser eu periférico-pobre
frodescendente...vá saber.
No mais, é dizer que compreendo
que esse lugar é delicado, que mais que nunca é preciso saber andar, já diria a
catinga de caboclo “quem não sabe andar/ pisa no massapê escorrega”, mas,
também, estando ciente de que se a “língua é viva”, com a música não seria
diferente: “É na volta que o mundo deu/ Na volta que o mundo dá!” Salve, Capoeira!
Nóis!