terça-feira, 6 de agosto de 2013

Lecionar na mesma escola pública que tirei/completei meu Ensino Médio, o tal Gouveia, no velho Castelo, está sendo mesmo uma experiência e tanta. Cada dia uma emoção diferente. Os olhares "assustados" dos estudantes, alguns outrora (infelizmente) meus colegas, a alegria de muitos dos meus professores, que ainda se encontram lá, o misto de surpresa e espanto/incômodo de outros tantos que, talvez, não acreditaram que a escola pública, apesar de defasada em muitos aspectos, ainda, pode dar frutos_tudo bem, eu sei que grande parte de minha formação enquanto cidadão crítico e consciente de minha condição advém dos quilombos educacionais, mais especificamente, da Biblioteca Comunitária de Castelo Branco_ mas, não fosse essa mesma escola, da forma como ela está, não seria possível ultrapassar os limites do ensino básico e adentrar em um dos espaços mais elitistas/racistas que frequentei durante alguns anos, a Universidade Federal da Bahia. Poderia também falar das merendeiras, dos vigilantes, de Seu Aprígio etc, etc todos muito contentes e curiosos.
Para, além disso, com frequência, tenho de/que ouvir aquela pergunta "vc é professor ou é aluno?" o que me faz pensar várias coisas. Entre elas: sobre o fato de ser eu jovem demais para ocupar aquele lugar (sei que não!); ou teria, inconscientemente, a ver com o fato de a comunidade escolar já está a par de minha situação de oriundo daquela escola, também no turno noturno e, por isso, está ela desacreditada por ser eu periférico-pobre frodescendente...vá saber.
No mais, é dizer que compreendo que esse lugar é delicado, que mais que nunca é preciso saber andar, já diria a catinga de caboclo “quem não sabe andar/ pisa no massapê escorrega”, mas, também, estando ciente de que se a “língua é viva”, com a música não seria diferente: “É na volta que o mundo deu/ Na volta que o mundo dá!” Salve, Capoeira! Nóis!