quinta-feira, 19 de maio de 2011




A noite estava fria. Eu tentava fazer uma apresentação, um relatório de Estágio I. Não saía. Não tinha jeito. Eu me auto-boicotava. Olhava email, facebook e o MSN não largava o osso. Pra ouvir, naquele dia frio, me achava um pouco down e, então, o repertório não variou muito, continuava sempre com a mesma temática: social-racial, racial-social, variando apenas algumas batidas: Soul, Reggae, Jazz, Rap. O mídia player se encarregava de tocar as canções de BOB, GOG, Sabotage, O Rappa e Ayo. E eu viajava...saía de mim e continuava no mesmo lugar.

Cheguei até a esboçar um parágrafo do tal relatório, em meio a essa disputa desleal, mas nada. Em meio a isso, o vilão do msn, de hora em hora, piscava em laranja, chamando minha atenção. Do outro lado, um parceiro de discussão, grande irmão, morador do subúrbio, mas especificamente de um bairro conhecido como Platacity (percebe-se a grande quantidade de estrangeirismos e neologismos utilizada aqui, mas confesso, não foi intencional) que adorava me provocar e sempre me mandava textos polêmicos para saber qual seria a minha, já tão conhecida, opinião. Sendo assim, de vez em quando, um link de vídeo, de música, de artigo, nesse caso, um artigo sobre o pagode baiano. E também, uma mina pequena em tamanho, mas grande em inteligência, essa que ao contrário da postura daquele, evitava determinadas discussões, para ela, supérfluas.

Ok! No entanto, lá estava eu, no msn com o esse nick: “Cansado de tanta hipocrisia...”. Havia um tempo eu estava a refletir sobre algumas questões. Sobre como podemos nos decepcionar com as pessoas. Como é difícil acreditar nas pessoas. Mesmo assim, não era adepto da frase: “quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais, de Alexandre Herculano. Acho que não é por aí. Isso é ser generalista. Generalizar é tomar o problema de forma superficial.

Mas é isso, naquele dia eu não estava legal. E meu parceiro me perguntava: “Qual foi, man?!” E eu respondia: “É por isso que sou poeta. O poeta tenta externar suas inquietações através da escrita, mas de boa. Hoje estou assim. Dizem que o maior índice de depressão está nos países frios. Talvez seja isso. Ele não aceitou de cara e depois de um tempo me disse: “você tá meio nervos nas respostas”. Gostei disso. Achei  imagético e concordava com ele.

Na outra ponta-janela, aquela mina, um misto de baiana com catarinense, exercitava minha capacidade argumentativa na medida em que, mesmo sem querer, me provocava a discordar de suas opiniões e, então, entrávamos numa de discutir calorosamente sobre muitas questões, tais como, ensino de gramática, questões étnico-raciais, questões de gênero, loucura e lá vai... E essa conversa-debate durava muito tempo e entrava pela noite adentro. E então, ficávamos eu e ela, ele e eu, nessa onda de se digladiar com palavras “até uma horas”. E você, leitor, deve estar se perguntando: mas e o relatório? E eu respondo: Ah! Meu relatório já era. Decidi escrever esse conto meio crônica e amanhã é outro dia...

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