segunda-feira, 23 de março de 2009

Quem escreve, escreve de algum lugar. Expressa uma ponto de vista sobre determinado assunto ou realidade. Sendo assim, falarei um pouco da minha experiência enquanto passageiro de um ônibus de uma determinada empresa de Salvador, que faz a linha Estação Pirajá-Barra. O chamado Barra 3.


Aqueles que precisam se dirigir à Barra ou passar pelo percurso, sabem o quão difícil é utilizar esse coletivo. Em primeiro lugar, é necessário chegar cedo à Estação_o que não significa, pegá-lo vazio, ir sentado. Em segundo, ao invés de uma fila, existem várias. Em vários formatos, inclusive em forma de espiral. Em terceiro, é preciso resistir a empurrões, ponta-pés e palavrões. Muitas vezes, é necessário ter algumas noções de defesa pessoal, ter bom condicionamento físico e saber respeirar, de fato.

Dizem que o tal é igual coração de mãe: "sempre cabe mais um". O que é pior e incrível, é que isso se concretiza realmente. Não se sabe como, mas num ônibus que tem cerca de 36 cadeiras e um espaço limitado nos corredores e escadas, quando os passageiros começam a adentrá-lo, parece que não mais vão parar.

Num determinado momento, o ônibus entope, enche, lota. Interessante é que as pessoas já estão tão acostumadas que, por incrível que pareça, dizem que "o ônibus está vazio". Com mais ou menos dez passageiros, literalmente, pendurados na porta do meio, lá vai ele, devagar, simplesmente para sair do tumulto. Então, abre-se a porta da frente, "pois não se pode viajar com a porta aberta". E aqueles homens e mulheres-aranhas correm desesperadamente, tropeçam, mas chegam. Quando todos entram, ele segue. Agora, tem-se uma verdadeira peça teatral andante_ ou por que não uma novela? Visto que possui vários capítulos e discussões diversas, sejam elas de mulher com mulher; homem e mulher; homem com homem. Porém, não existem apenas confusões. Têm-se também cenas cômicas: "Ah! Eu não vou empurrar ninguém, eu não sou cavala"_sem preconceito linguistico até, pois, porque, é viável na língua, mas "cavala". Ou então: "Esse ônibus dá até gravidez". (hum???)......

Campinas, BR, Acesso Norte, Bonocô, Ogunjá...são alguns dos lugares nos quais o referido ônibus passa. Nesse percurso, o coletivo que já estava lotado, superlota. E o motorista, coitado! Como sua mãe sofre... O pobre homem fica sem saber o que fazer. Se deixa pessoas no ponto e corre o risco de ser advertido na empresa, ou se entope mais e o ônibus e tem, mais e mais sua mãe, mulher e filhas xingadas.

Graças a deus, aos orixás e a todos os santos, chega-se à Vasco; Garibaldi; Ademar de Barros e então, o "Barra 3" começa a esvaziar. Os passageiros se dirigem a seus destinos mas com uma certeza na mente: a de que a viagem de volta será, também, árdua, cômica, agradável ou irritante, e que, apesar de tudo, "todo ano tem carnaval".

6 comentários :

  1. Risos...me levou a poesia de limeira...leva o carro motÔ...título mto interessante.bjs

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  2. Primo, chorei de ri....muito bom

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  3. E o pior que passamos por essa situação todo santo dia até o dia de obtermos um carro e novos dilemas.
    Quando chegamos em casa trucidados e muitas vezes insatisfeitos de não termos atingido nossa meta cotidiana,pensamos:-Amanhã tem mais!
    Até pq essa situação , se depender da política não mudará tão cedo .

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  4. Rs..Obrigado, Nelly.

    Que bom, Prima! Valeu!

    Nara, todavia, não podemos desanimar...épreciso que façamos nossa parte em qualquer espaço no qual estejamos. Abraços.

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  5. Muito bom...
    Me senti no Ondina, aqui no subúrbio!!!
    Muito massa,
    Nosso cotidiano, a cada dia o mesmo barco,
    Navio negreiro, a primeira violência simbólica e física do nosso dia.Fico pensando, será que para superar isso basta ter uma carro?? Será que resolve o problema ou resolve apenas o meu? Salve-se quem puder ou quem tiver ($)...
    Isso me faz refletir muito!!!
    Muito forte...

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  6. Salve, Cleiton! Valeuzão! Palavras sábias sempre as suas.

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